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Leite materno |
A enfermeira tem importante papel na ajuda e aconselhamento às mães que desejam amamentar. Desde o pré-natal a enfermeira deve ajudar e aconselhar as mães, desfazendo mitos prevenindo e tratando as possíveis complicações que possam vir a aparecer, estando próxima antes, durante, após o parto e durante os primeiros dias de puerpério, contribuindo para a formação da autoconfiança, para que ocorra sucesso na amamentação.
No contexto do processo de cuidar, a enfermeira encontra na amamentação situações que devem ser diagnosticadas e cujas intervenções estão no âmbito de resolução da enfermagem, isto é, são ações independentes. Nesta situação podemos levantar diagnósticos como: amamentação eficaz e amamentação ineficaz, já incluído na classificação diagnóstica da North American Nursing Diagnoses Association (NANDA). No entanto, na vivência clínica, poderíamos identificar outros diagnósticos tais como orisco de amamentação ineficaz e potencial para melhorar o desempenho de amamentação, que não fazem parte de nenhuma classificação diagnóstica, mas que podem ser investigados e avaliados.
A enfermeira deve estar disponível para auxiliar a mãe nas primeiras mamadas, observar como está sendo a "pega" do bebê, e responder perguntas quanto aos cuidados com o recém-nascido, entre outras coisas. A enfermeira deve manter um diálogo com a mãe, de forma simples. E com fazer isso?
Promovendo a abertura de diálogo sobre amamentação
Fazer questionamentos, através de uma conversa amigável, sem ser muito cansativa:
• Avaliar o conhecimento sobre o assunto: Já amamentou? Já teve alguma aula sobre amamentação? Tem contato com alguém que amamentou ou amamenta? A sua mãe amamentou?
• Estimular a mulher a falar das suas dificuldades atuais e das que ela prevê. Conversar com ela sobre os mitos mais comuns.
• Construir o conhecimento: esclarecer concepções confusas; explicar o processo de amamentação; oferecer literatura sobre o assunto; mostrar vídeos; discutir vantagens e desvantagens do aleitamento materno; conversar sobre amamentação com grupos de mães.
• Apoiar a mulher na decisão de amamentar ou não.
Assistindo a mãe durante as primeiras mamadas
• Promover relaxamento e posicionamento confortável, usando: travesseiros e almofadas para posicionar; técnica de relaxamento respiratório; banquinho ou lista telefônica para apoiar o pé e trazer o joelho para cima.
• Demonstrar as diversas posições:
1. Sentada;
2. Deitada;
3. Invertida (football americano).
• Demonstrar e explicar a fonte dos reflexos da criança e mostrar como isso pode ser usado para ajudá-la a pegar o peito.
PRINCÍPIOS PARA PROMOVER UMA AMAMENTAÇÃO EFICAZ
1- Antes de dar o peito, esvaziar a aréola para facilitar à pega.
2- Mostrar como segurar a mama com os dedos em baixo e o polegar em cima; desta forma ela pode posicionar o mamilo diretamente na boca da criança (evitar segurar em tesoura).
3- Deixar que a própria criança pegue o peito. A mãe pode orientar, colocando o mamilo na bochecha do bebê para estimular o reflexo de busca.
4- Esperar que o bebê abra bem a boca e movê-lo em direção à mama.
5- A criança deve estar com o corpo encostado no da mãe (estômago da criança em contato com a barriga da mãe).
6- O rosto da criança deve estar próximo da mama de modo que o queixo possa tocar a mama.
7- A boca da criança deve estar bem aberta para poder abocanhar grande parte da aréola.
8- O lábio inferior deve estar voltado para fora e cobrir quase toda a porção inferior da aréola, enquanto a parte superior da aréola é a que pode aparecer mais.
9- Observar o deslizamento do queixo indicando a boa pega e a sucção.
10- Observar a criança tranqüila, engolindo em ritmo regular, devagar e em goles profundos.
11- A mãe não se queixa de dor quando a pega é correta.
12- Instruir para oferecer ambos os lados a cada amamentação, alternando a mama pela qual inicia.
13- Demonstrar como usar o dedo mínimo no canto da boca do bebê, para romper o vácuo, e ele soltar o peito sem machucar.
AMAMENTAÇÃO EFICAZ
Definição: estado na qual a mãe e criança apresentam adequada competência e satisfação com o processo de amamentação.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS MAIORES
-Habilidade da mãe em posicionar a criança no peito para promover uma resposta bem sucedida de sucção.
-Satisfação da criança após alimentar-se.
-Regular e constante deglutição.
-Peso apropriado da criança em relação à idade.
-Padrão efetivo de comunicação mãe/filho.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS MENORES
-Sinais e/ou sintomas de liberação de ocitocina (saída do leite ou reflexo da ejeção).
-Padrão adequado de eliminação para a idade.
-Ânsia da criança por mamar.
-Verbalização da mãe de satisfação com o processo de amamentação.
AMAMENTAÇÃO INEFICAZ
Definição: Estado no qual a mãe e/ou a criança experimentam insatisfação ou dificuldade com o processo de amamentação.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS MAIORES
-Insatisfação no processo de amamentação.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS MENORES
-Suprimento inadequado de leite atual ou percebido.
-Inabilidade da criança para pegar o seio materno corretamente.
-Ausência de sinais de liberação de ocitocina.
-Sinais observáveis de ingestão inadequada de leite.
-Inconstância da sucção ao seio.
-Ferimento persistente do mamilo além da um a. semana de amamentação.
-Agitação e choro manifestados pela criança na primeira hora após a amamentação.
-Não resposta a outras medidas de conforto.
-Arqueamento da criança e choro resistindo abocanhar.
Fatores relacionados:
Fisiológicos
1. Dificuldade do neonato em abocanhar ou sugar devido à fenda palatina /lábio leporino
2. Prematuridade
3. Cirurgia mamária anterior
4. Mamilo invertido
5. Inadequado reflexo da descida do leite
Situacional
1. Fadiga materna
2. Ansiedade
3. Ambivalência materna
4. Nascimentos múltiplos
5. Desnutrição
6. Desidratação
7. História de insucesso na amamentação
8. Falta de apoio familiar
9. Falta de conhecimento
10. Interrupção da amamentação devido à doença materna, doença da criança.