Participação do dentista é fundamental para a saúde bucal da paciente grávida
Ao contrário do que divulga o senso-comum, a gravidez não é responsável pelo surgimento de cáries, mas sim pelo aumento das cáries já existentes. A gravidez também não causa a perda de minerais dos dentes da mãe para formar as estruturas calcificadas do bebê. Outro mito: a gravidez não é a principal causa da gengivite, porém, como nesse período há uma maior vascularização periférica da gengiva existe a resposta de um agente agressor já existente (inflamação das áreas afetadas). Os dentistas confirmam: muitas gestantes aguentam a dor-de-dente e adiam a ida ao consultório odontológico porque acreditam que um eventual tratamento será prejudicial ao bebê.
"Gravidez não é impedimento para um tratamento odontológico; ao contrário do que muita gente pensa, a participação do dentista é fundamental para a saúde bucal da gestante", afirma o cirurgião dentista, José Alberto Taiar. Segundo ele, após a avaliação do obstetra, a futura-mamãe poderá se submeter ao tratamento em qualquer mês gestacional, muito embora o segundo trimestre seja o ideal devido à maior estabilidade.
Uma gestante pode tomar anestesia, fazer tratamento de canal e até fazer exame radiográfico, se necessário. O especialista acrescenta, no entanto, que alguns cuidados devem ser observados no caso do raio-x, como o uso das normas de proteção (avental de chumbo) e evitar executá-lo nos primeiros três meses da gravidez. "A adrenalina liberada pela dor-de-dente é muito prejudicial à gestante e não há porque não tratá-la", afirma Taiar. Ele acrescenta que somente procedimentos mais invasivos, como cirurgias, devem aguardar o fim da gravidez.
A experiência com pacientes gestantes mostrou ao cirurgião dentista que todas são receptivas com relação às orientações que revertam em saúde para os bebês. O que muitas não sabem é que a preocupação com o sorriso do filho deve começar antes mesmo dele nascer. "A formação dos dentes pode ser comprometida por condições desfavoráveis durante a gestação, como o uso de certos medicamentos e carências nutricionais", alerta Taiar.
Outro fator de alerta é o excesso do consumo de carboidratos e açúcar, que podem contribuir para a formação de placa bacteriana e, consequentemente, lesões de cárie. Por isso, a necessidade de uma boa higiene bucal, que envolve a escovação correta e a utilização do fio-dental. "Os dentistas podem orientar as gestantes quanto às técnicas adequadas", diz Taiar.
Sangramento durante a escovação pode indicar uma gengivite de grau leve. A visita ao dentista deve ser agendada, para que o problema não tenha conseqüências. As infecções bucais de modo geral podem causar sérias doenças no bebê - principalmente nos rins e coração -, além de ter a possibilidade de indução ao parto prematuro.