O mal estar após o Parto:
No pós-parto imediato durante a estadia hospitalar os sintomas de alarme (calafrios, febre, dores, hemorragias, dificuldades em evacuar ou urinar) são tratadas pelos técnicos de saúde, médicos e enfermeiras. É natural que, nos primeiros dias como puérpera, surjam algumas situações que lhe causem mal-estar e que estão relacionadas com o parto. Não será por muitos dias.
As mais comuns são:
Tumefação e ingurgitamento mamário resultante da subida de leite (2º-3ºdia), originando endurecimento dos seios e dor, com consequente dificuldade de esvaziamento do leite. Algumas manobras simples ajudam a ultrapassar esta fase: envolver as mamas em compressas umedecidas em água morna ou molhá-las abundantemente com água morna (chuveiro); em seguida, massajar circularmente com ajuda de um creme e, simultaneamente, ir tentando promover o seu esvaziamento manual. Logo que o leite comece a sair com alguma facilidade, coloque o bebé ao peito – ele fará o resto. As fissuras do mamilo são outra complicação dolorosa (podendo mesmo sangrar) e que, em geral, curam em poucos dias, não sendo impeditivas de manter a amamentação.
É fundamental que as mamadas decorram num ambiente calmo e se sente confortavelmente, com as costas bem apoiadas. Se conseguiu vencer esta fase, está de parabéns. No entanto, se apesar de todo o empenho e múltiplas tentativas as dificuldades ultrapassam o razoável, não se culpabilize por desistir. É por isso que leite adaptado existe. Dores no períneo, resultantes de contracções uterinas e mais intensas nas multiparas, nos primeiros dias e durante as mamadas. Aliviam com a mudança de posição e apoio do abdómen numa almofada; agravam-se com a bexiga cheia.
Dores no local da episiotomia (corte no períneo para facilitar a passagem do bebé), que aliviam inicialmente com a aplicação de gelo e, mais tarde, com água morna. Os cuidados de higiene com lavagem e secagem bastam. Pode igualmente socorrer-se de analgésicos (paracetamol). Os pontos caem por si. As dificuldades em sentar podem ser resolvidas usando uma bóia de praia insuflada até o desconforto passar.
Hemorróidas surgidas ou agravadas no período expulsivo. A melhoria consegue-se com aplicação de gelo, pomadas próprias e tentativa de as reintroduzir no ânus. Nas crises hemorroidárias mais severas é necessária outra terapêutica. Obstipação, que pode ser um problema após o parto. A episiotomia e as hemorróidas tornam a defecação dolorosa. Combater a obstipação passa por uma alimentação rica em fibras e ingestão de líquidos em grande quantidade (água e sumos). Se necessário, utilize laxantes suaves (lactulose).
Labilidade emocional, que é bastante frequente.
Dores nas costas. Evitar posições incorrectas: mudar as fraldas e dar banho à criança num plano ao nível da cintura (e nunca curvada). Iniciar exercícios de extensão da coluna. Perda acentuada de cabelo, que pode ocorrer algumas semanas após o parto. Não há motivo para alarme: em breve o cabelo retomará o seu ciclo de crescimento normal. Após a alta devem iniciar a recuperação dos músculos que participaram no parto (períneo) para evitar problemas futuros – útero descaído (prolapso) ou perda involuntária de urina (incontinência).
Se fez cesariana deve dirigir-se ao seu Centro de Saúde ou ao seu médico assistente no 7º dia para retirar agrafos e penso. Se a cicatriz tiver aspecto avermelhado e duro (infecção) ou tiver aberto (deiscência) devem recorrer ao nosso Serviço de Urgência. A saída de serosidade que é diferente de pus, não é indicativa de infecção.
Se decidir não amamentar após informação adequada, não deixe que a sua decisão seja desrespeitada pelas pessoas que a rodeiam e deve tomar comprimidos que lhe devem ser passados na Maternidade para secar o leite. Se sentir os peitos inchados, vermelhões e dolorosos, tratar-se-á de provável infecção (mastite) e deverá ser observada por médico no Centro de Saúde.