As Doenças Sexualmente Transmissíveis ou Doenças Venéreas (venéreo= relativo a Vênus - deusa da formosura) são enfermidades de contágio sexual que afligem a humanidade desde épocas remotas. Algumas delas como a Sífilis e a Gonorréia foram totalmente dominadas com o advento da penicilina. Outras como a AIDS e o HPV ainda não possuem tratamento específico e continuam fazendo as suas vítimas.
1 - Gonorréia
Gonorréia ou Blenorragia é uma DST que ataca homens e mulheres causando desde um simples e incômodo corrimento uretral ou vaginal, até infecções mais graves como pelve-peritonite na mulher e prostatite no homem. É causada por uma bactéria de nome Neisséria gonorrhoeae a qual penetra na uretra do homem durante o ato sexual quando a vagina estiver contaminada por ela ou é depositada na vagina quando o ejaculado a contiver.
No homem a uretrite gonocócica é geralmente violenta e de rápida manifestação exigindo uma imediata intervenção médica, visto que o incômodo corrimento e a ardência urinária não permitem a ele simplesmente aguardar a cura. Muitos homens tratam a sua uretrite blenorrágica através de um visita ao amigo farmacêutico. Melhora de imediato, mas após alguns dias observam um corrimento leitoso ou levemente esbranquiçado.
Julgam que a DST ainda está em processo de cura. Na verdade, provavelmente, possui um segundo agente causador de corrimento uretral a Chlamydia; Na mulher, no entanto, os sintomas poderão ser leves ou inexistentes, deixando ela, em vista disso, de ser tratada por falta de sintomatologia. Ocorre, como conseqüência, o fenômeno do "ping-pongue" que se caracteriza pelo fato do companheiro tratar o problema adequadamente, mas ao reiniciar a atividade sexual com a companheira, ela o contaminará novamente.
Assim poderá continuar por muito tempo, principalmente se os dois não procurarem tratamento conjunto.
A complicação mais temível na mulher causada pelo blenorragia é a infecção peritoneal ou pelve-peritonite, enfermidade grave que a levará ao hospital e que poderá complicar com abcesso local e posteriormente com infertilidade devido a obstrução das trompas.
2 - Sífilis
A Sífilis é uma DST causada por uma bactéria espiralada de nome Treponema pallidum. Na infecção inicial ocorre lesão ulcerosa de bordos duros (cancro duro) localizada nas mucosas ou na pele sendo denominada de Sífilis Primária. As localizações mais freqüentes são:
- Mucosas
- Pequenos lábios;
- Vagina;
- Cérvix uterina;
- Glande;
- Mucosa anal.
- Orofaringe e lábios
- Língua;
- Pele
- Períneo;
- Região peri-anal;
- Prepúcio;
- Saco escrotal
A Sífilis Primária, uma vez diagnosticada, é de fácil tratamento e rápida cura. Ocorre que as pessoas menos esclarecidas, ao encontrarem uma lesão inicial que possui bordos endurecidos e uma área central de necrose, julgam que a ferida tenha sido causada por um "corte com um fio de cabelo" durante a relação sexual. Não procuram auxílio e ao verificarem que a lesão aos poucos vai regredindo, se sentem em processo de cura.
Mas é dessa fase em diante que a enfermidade irá mostrar toda a sua morbidez. O treponema que, na lesão inicial estava bloqueado na área de bordos endurecidos, agora invade a corrente circulatória, se reproduz e se dissemina na pele formando erupções de aspecto bizarro e cor rósea denominado de sifílides. Essas erupções da pele possuem espiroquetas em abundância sendo altamente contagiantes. Nessa circunstância o indivíduo torna-se um contaminante em grande potencial. É a Sífilis Secundária-Sífilis Dermatológica.
Se nada for diagnosticado, a bactéria manterá o seu ritmo de invasão no organismo humano podendo atingir um órgão importante como o fígado ou a aorta: é a Sífilis Terciária. No final, após longo período de doença, o enfermo passa a ter o seu Sistema Nervoso Central invadido pela espiroqueta. É a Sífilis Tardia ou Neuro Sífilis. Nessa fase o indivíduo sofrerá um processo de destruição e degeneração dos seus neurônios encaminhando-se à demência e a morte.
3 - Tricomoníase
Tricomoníase é uma DST causada por um micro-organismo protozoário de nome Trichomonas vaginalis. A infestação por tricômonas causa, na mulher, violenta reação vaginal com intenso corrimento fétido e mal estar local. O homem infestado poderá permanecer assintomático ou poderá sentir um leve corrimento esbranquiçado somente observável pela manhã antes de urinar. Como a maioria dos homens ao sentir algo se afasta dos recursos médicos o processo não melhora como também não piora. Nessa fase ele se torna um portador assintomático e passa a fazer o jogo de "ping-pongue" com a sua companheira, pois ela vai ao ginecologista, recebe o tratamento par ele e para ela, se cura, mas como ele se nega a tomar porque nada sente, ao reiniciar a atividade sexual se recontamina e tudo começa novamente.
4 - Chlamydia
A Chlamydia trachomatis é uma bactéria de difícil diagnóstico. Causa infecções na mulher e no homem, leves, moderadas ou graves, podendo levar à esterilidade por obstrução das trompas. É uma das causas muito freqüentes de pelve peritonite. Aloja-se normalmente na porção interna do colo uterino e no uretra masculina. Por essa razão não é facilmente detectável, sendo por esse motivo, despercebida nos exames ginecológicos de rotina.
Os primeiros sintomas são leves e inconstantes. Poderão estar relacionados com dor abdominal no baixo ventre, em forma de cólicas, nos dias que antecedem e durante a menstruação.
Isso leva a mulher a visitar o médico repetidas vezes até encontrar fazer exame específico para ela quando então será feito o diagnóstico.
Quando a bactéria invade o organismo feminino atingindo o peritôneo, causa um quadro infeccioso grave que levará a mulher ao hospital, talvez à cirurgia. Um das consequências mais indesejáveis da infecção por Chlamydia é a infertilidade. No homem ela se aloja na uretra, causando uretrite leve, cujo sintomas mais importante é a umidade ou pequena secreção pela manhã, ao comprimir a uretra antes de urinar.
5 - Cancro Mole
O Cancro Mole é uma DST causada por um bactéria - o Bacilo de Ducrey ou Hemophilus ducreyi. É denominada assim pelo simples fato da sua lesão inicial possuir bordos macios em contraposição à sífilis cuja lesão primária possui bordos duros e, por isso é chamada de cancro duro. As lesões ocorrem principalmente nos pequenos lábios e, no homem, no sulco bálano-prepucial (dobra entre a pele do prepúcio e a glande). As lesões podem causar inchume dos gânglios linfáticos inguinais causando "ínguas" muito dolorosas, às vezes, abcessos que devem ser drenados cirurgicamente.
6 - Linfogranuloma
O Linfogranuloma é uma DST causada por um vírus filtrável. As lesões se instalam no períneo ao redor da vulva e pênis atingindo a região anal. A pele fica macerada sendo destruída pela infecção necessitando cuidados especiais locais e antibióticos devido a infecção secundária que se instala nas lesões destrutivas virais.
7 - Pediculose
A Pediculose é uma DST causada por um parasita o Phthirius pubis também conhecido como "chato". Caracteriza-se pela presença do ácaro nos pelos pubianos o que causa intenso prurido local devido às lesões da pele junto ao local de sucção do parasita. É um parasitose dos pelos pubianos. A simples aplicação de inseticida local e da depilação eliminam a infestação pelo ácaro rapidamente.
8 - Escabiose
A Escabiose é uma DST causada por um parasita o Sarcoptes scabiei também conhecido como "sarna". Caracteriza-se pela presença do ácaro na pele principalmente do abdômen onde se podem observar aranhões transversais causados pelo seu portador no afã de livrar-se do intenso prurido na pele, principalmente ao deitar e ao aquecer o corpo. Esse prurido é causada pela deposição da fêmea de seus ovos nas primeiras camadas da derme (pele). O tratamento é simples com drogas locais e eliminação de outros vetores que poderão retransmitir a doença.
9 - Herpes genitais
O Herpes genitais é uma DST causada por um vírus o Herpes simples genitais. Deve ser diferenciado e não pode ser confundido com as lesões semelhantes que ocorrem nos lábios durante os processos infecciosos e febris devido a baixa da imunidade do organismo. Nesse caso se trata de Herpes simples labiais que não é considerado uma DST. O Herpes genitais causa lesões da pele do períneo, grandes lábios, face externa dos pequenos lábios, região peri-anal, glande, prepúcio, saco escrotal e nádegas. São lesões muito pequenas, semelhantes a pequenas bolhas que, posteriormente se rompem tornando-se extremamente dolorosas e incômodas. O casal portador de lesões herpéticas necessita tratamento conjunto, mesmo que um deles nada tenha ou nada sinta. Deverão usar camisinha até o médico liberá-los para a atividade sexual livre.
10 - Condiloma
A Condilomatosa ou Verruga genital é uma DST causada por determinadas cepas de vírus denominado HPV. Causa lesões na região uro-genital tanto na mulher como no homem, semelhantes à verrugas e que causam poucos ou nenhum sintomas exceto pelo fato da sua presença em locais muito sensíveis.
11 - Human Papova Vírus - HPV
O HPV é um vírus de transmissão sexual, tendo sido, nos últimos anos, responsabilizado pelo desenvolvimento de malignidade nas áreas que infecta comumente. Essas áreas vão desde o períneo, vulva, vagina, colo do útero, região anal na mulher e períneo, uretra, pênis, saco escrotal, região anal no homem. Além da infecção dessas áreas, muita investigação está sendo levada à cabo com relação à possível causa de malignidade na oro-faringe e nas cordas vocais. O HPV é de instalação insidiosa não causando nenhum sintoma de maior envergadura tanto no homem como na mulher. Nela, a descoberta da doença só será realizada se houver um exame ginecológico e com atenção especial dirigida ao HPV. Uma das maneiras mais fáceis de diagnosticar HPV é através do exame preventivo de Papanicolau. Veja alguns detalhes a mais em Exame Ginecológico.
12 - AIDS
AIDS ou Acquired Imuno Deficiency Sindrome ou Síndrome de Imuno Deficiência Adquirida cuja sigla em português é SIDA é uma DST que surgiu no final da década de 70 na África e rapidamente se espalhou por todo o mundo. Os primeiros casos foram diagnosticados nos Estados Unidos através do controle do CDC (Centro de Controle de Doenças) que investigou a ocorrência de muitos casos de Sarcoma de Kaposi, enfermidade maligna rara, mas muito comum nos pacientes terminais de AIDS. É causada por um vírus o
HIV - Human Immunodeficiency Virus cujo RNA se incorpora ao DNA do hospedeiro causando a destruição dos leucócitos produtores de anticorpos ficando o hospedeiro, dessa forma, incapaz de se proteger da invasão de outros tipos de parasitas, fungos e bactérias. Como conseqüência, contrai infecções terrivelmente graves sendo os mais modernos antibióticos e quimioterápicos incapazes de combater. Na verdade o que mata o hospedeiro do HIV não é o vírus HIV e sim os microrganismos chamados oportunistas que se valem da incapacidade dos órgãos linfoides produtores de anticorpos de produzir esses anticorpos para combatê-los e, dessa maneira, conseguem invadir dramaticamente o organismo.
- Formas de Transmissão:
- Atividade Sexual;
- Injeções intra-venosas;
- Transfusão de sangue;
- Gravidez.
- Ocupacional.
1 - Atividade Sexual:
Como o HIV, agente transmissor da AIDS, existe livremente no sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno em quantidades suficientes para causar infeção é através da relação sexual e da gravidez que as contaminações podem ocorrer se não for usado preservativo (camisinha). O coito anal, seja homo ou heterossexual, é a forma mais perigosa de contaminação visto que o HIV é depositado com o esperma na mucosa retal a qual possui um poder de absorção muito grande permitindo a entrada do vírus livremente.
Já a atividade sexual vaginal vai encontrar os defensivos naturais da vagina que poderão impedir um infecção dessa forma. A atividade sexual, portanto, oferece sempre riscos de contaminação se não forem tomada a medida preventiva necessária, ou seja, o uso de condão ou camisinha. O sexo oral, no entanto, oferece riscos mínimos de contaminação.
2 - Injeções intra-venosas:
O uso de drogas injetáveis é uma das maiores causas de transmissão do HIV. Ocorre quando um indivíduo contaminado pelo vírus da AIDS, compartilha com amigos a mesma seringa para injetarem drogas intra-venosamente. Ao passar pelo braço do enfermo, micro gotículas de sangue permanecem na agulha e às vezes até penetram na seringa. Essas gotículas de sangue com grande quantidade de vírus são então reinjetados na outra pessoa, colega de infortúnio.
3 - Transfusões de Sangue:
Uma maneira muito penosa de adquirir o vírus da AIDS é através de transfusão de sangue ou de seus derivados. Essas pessoas que se contaminaram com o HIV possuíam hábitos salutares de vida, mas por uma razão ou outra, seja um acidente, cirurgia, parto ou qualquer outro evento médico que exija uma transfusão de sangue, como a hemofilia, ocorria a contaminação do indivíduo através do sangue de doadores contaminados. Felizmente, nos dias de hoje, esse tipo de contaminação quase atingiu o ZERO. Muitos países em desenvolvimento ainda não conseguem deter a tecnologia para o diagnóstico dos doadores e esses tipo de contaminação ainda ocorre.
4 - Gravidez:
A mãe poderá transmitir ao seu filho intra-uterinamente o vírus HIV. Isso ocorre porque o HIV consegue passar pela placenta, atingindo, dessa forma, a circulação sanguínea do feto e, como conseqüência, contaminando-o.
5 - Ocupacional:
Os profissionais da área médica como enfermeiras, médicos, funcionários de hospitais e laboratórios poderão, em certas condições, ter contato direto com material infectado oriundo de paciente portador de HIV. Uma enfermeira que minutos após injetar medicação num enfermo com HIV, acidentalmente poderá ferir o seu dedo ao tentar descartar uma seringa e sua agulha. Esse ferimento poderá contaminá-la com o vírus da AIDS. Da mesma forma o cirurgião e toda a sua equipe poderá sofrer o mesmo tipo de acidente.